18 de janeiro de 2008

Atraso

Estar tão farto de tanto atraso
Mental, circular, outro
Cada um pensa o que lhe apetece
Grosseiro, desrespeitoso, apressado

Nada gera, nada agradece
Todos filhos das sombras
A quem o sol nem aquece
Nem a tumba adormece
Nem o vento esmorece

Já não quero ser humano
Hominídio povoado
Germe da selva, urbano

Quero ser um bocado de trapo
De outra espécie, malfadado
Noutro tempo, noutra frente

Abortem-me, como à missão
Por ver tanta estupidez
Tanto gigante anão.

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Pois tudo o que é ilusório
Como as vestes que a alma não tem
Não fica, é futuro impróprio
Mero instante que à forma devém
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